Aquífero Bauru possui importância regional

240 municípios do interior paulista são abastecidos por água subterrânea

Por Caroline Ayala Silvestre

O Aquífero de Bauru ocupa metade oeste do Estado de São Paulo. Sua extensão regional, com área de cerca de 96.900 km², ocorre de Barretos a Bauru, estendendo-se até o Pontal do Paranapanema. Possui importância regional no abastecimento de diversas cidades, reforçando a importância de um bom planejamento da área, para que se consiga o maior número de áreas permeáveis possíveis.

Formado há mais de 65 milhões de anos, é composto por arenitos intercalados por camadas de sedimentos de granulometria fina, na sua porção superior, o que diminui a capacidade deste aquífero de armazenar e transmitir água. Esta característica reflete na sua produtividade, cujas vazões sustentáveis recomendadas ficam, em geral, abaixo de 10 metros cúbicos por hora (m3/h) por poço, podendo chegar a 40 metros cúbicos por hora (m3/h) em algumas regiões, como São José do Rio Preto e entre Bauru e Tupã. Embora o potencial seja menor, por exemplo, comparado ao Aquífero Guarani, possui importância regional, sendo utilizado no abastecimento de várias cidades do centro e do oeste do estado de São Paulo.

A perfuração de poços e a extração de água neste aquífero são facilitadas, o que o faz ser denominado como aquífero livre. Encontra-se mais próximo da superfície e não tem qualquer outra unidade geológica confinando suas águas. “Um poço no Aquífero Bauru é mais simples de se perfurar, sendo muito mais acessível, mas, ao mesmo tempo, produz menos água”, explica Jozrael Henriques Rezende, engenheiro-agrônomo, doutor em ecologia e recursos naturais, especialista em Recursos Hídricos e professor da Fatec de Jaú.

Cerca de 240 municípios do interior paulista captam água do Aquífero Bauru, e muitos deles são abastecidos, completamente, por água subterrânea. Já a cidade de Bauru é abastecida tanto por águas superficiais quanto subterrâneas. Segundo dado fornecido pelo Departamento de Água e Esgoto (DAE) de Bauru, 38% da cidade é abastecida por poços profundos. Conta com 35 poços, mas apenas um referente ao Aquífero Bauru, localizado em Tibiriça III, com vazão inicial de 30 m3/h. Os demais são captados do Aquífero Guarani.

Monitoramento e qualidade

No estado de São Paulo, o monitoramento da qualidade das águas subterrâneas é uma exigência legal atribuída à Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). A rede estadual de monitoramento ambiental das águas subterrâneas realiza acompanhamento semestral de água de poços utilizados para abastecimento público, instalados nos aquíferos Guarani e Bauru.

Segundo o último relatório (triênio 2010-2012), com 240 pontos monitorados, sendo 75 no Aquífero Bauru, a qualidade das águas subterrâneas avaliadas pelo Indicador de Potabilidade das Águas Subterrâneas (IPAS) passou de 80% em 2009 para 79,9% em 2012. “Apesar de ser ligeiramente inferior ao período anterior, o índice demonstra que não houve alteração significativa na qualidade das águas de 2010-2012, ou seja, de modo geral as águas subterrâneas do estado de São Paulo são de boa qualidade”, explica a professora de águas subterrâneas da Faculdade de Tecnologia (Fatec) de Jaú.

Área de recarga reabastece o Aquífero

O Aquífero Bauru é considerado um aquífero livre, cuja recarga ocorre em toda a sua extensão. Não há nenhuma barreira impermeável sobre ele. Toda água que chove e infiltra no solo irá recarregar o aquífero. Essas áreas têm grande importância, pois são através delas que há um reabastecimento do aquífero para que seu volume nunca se esgote.

Existe a zona de recarga direta, em que as águas das chuvas se infiltram diretamente para o aquífero, através de suas áreas de afloramento e fissuras de rochas sobrejacentes. E a Zona de Recarga Indireta envolve aquelas áreas onde o reabastecimento do aquífero ocorre através da drenagem superficial das águas.

As zonas de descarga são por onde ocorre a extração através de poços ou alimentando os rios perenes. “Se extraímos mais água do aquífero do que este consegue repor, em algum momento este volume vai acabar. Por isso a importância da zona de recarga: abastecer o aquífero, para que se possa retirar água dele”, ressalta Natália Tecedor, formada em Meio Ambiente e Recursos Hídricos e professora da Faculdade de Tecnologia (Fatec) de Jaú. As áreas de recarga de um aquífero sempre têm de ser maior que sua descarga.

Preservação

É necessário um esforço conjunto do governo e da sociedade no desenvolvimento de programas e implantação de ações destinadas à proteção dos aquíferos. Algumas ações são a monitoração dos aquíferos, a preservação de suas áreas de recarga e o cuidado com a qualidade das águas que estão abastecendo, para evitar a ocorrência de contaminação. E respeitar as normas para perfuração de um poço.

“Todo poço perfurado têm que ser outorgado, que é a licença ambiental que precisa para qualquer uso de um corpo hídrico natural. É muito importante este controle, pois a perfuração de poços muito perto um do outro, causa interferência, e assim nenhum deles consegue a vazão de projeto”, explica Jozrael Henriques Rezende, engenheiro-agrônomo, doutor em ecologia e recursos naturais, especialista em Recursos Hídricos e professor da Fatec de Jaú.

Reportagem entre as 5 finalistas do Expocom 2017 – Exposição de Pesquisa Experimental em Comunicação, região sudeste.
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