A obesidade atinge um número elevado de pessoas

Fatores genéticos, metabólicos e sociais podem provocar o excesso de peso

Por Caroline Ayala Silvestre

A obesidade é uma doença crônica que afeta um número elevado de pessoas. São muitos os fatores que causam a obesidade e o tratamento inclui aumento na atividade física, reeducação alimentar, uso de medicamentos e quando necessário à cirurgia bariátrica.

Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado em 2015, no Brasil, 56,9% das pessoas com mais de 18 anos estão com excesso de peso e 20,8% das pessoas são classificadas como obesas. Pesquisa do Ministério da Saúde aponta que 22,5% da população do São Paulo consome doces em excesso, os dados são da pesquisa Vigitel 2015. A pesquisa expõe que um em cada cinco brasileiros consome doces e refrigerantes em excesso (cinco dias da semana) e a frequência é maior entre os jovens.

Para a nutricionista o aumento gradativo da obesidade a cada ano é decorrente de diversos fatores como o sedentarismo, a correria da vida cotidiana, o aumentando do consumo de produtos industrializados, fast-food e o erro alimentar.

A obesidade é diagnosticada através do cálculo do IMC (índice de massa corpórea). A nutricionista explica que nesse cálculo o peso do indivíduo é dividido pela altura ao quadrado. Se o resultado dessa equação for superior a 30 é considerado como obesidade.

Dentre os fatores que podem acarretar obesidade estão fatores genéticos, metabólicos e sociais. “Na maioria dos casos estão diretamente relacionados ao sedentarismo e excesso de ingestão de calorias”, expõe a nutricionista Isabela Rizatto.

A obesidade pode acarretar graves problemas de saúde e levar até à morte. Um fator de risco para uma série de doenças. “Doenças coronárias, diabetes, vários tipos de câncer, infertilidade, dor lombar e dor articular”, cita Isabela Rizatto como as doenças com maior propensão a se desenvolver.

Autoestima alta, mais agilidade, sou outra pessoa. – Ana Maria Spatti Cirurgia bariátrica

A cirurgia bariátrica é um dos modos de tratamento da obesidade, mas só é recomendada quando a doença coloca em risco a vida do paciente. “Quando este esgotou todas as tentativas de emagrecimento e seu IMC tem que estar acima de 35”, explica a nutricionista Isabela Risatto.

Ana Maria Spatti de Azevedo e Silva, 52, realizou a cirurgia bariátrica há seis anos e conta sobre sua experiência. “Cai e machuquei o joelho, foram meses de tratamento sem melhora. Com o peso ficou pior, então o médico me disse: opera o joelho ou perde 30 kg em meses, optei pela cirurgia”. Para ela a qualidade de vida melhorou após a cirurgia. “Sem dor, a autoestima alta, mais agilidade, sou outra pessoa”, conta.

Marcos Rufino da Silva, 38, que fez a cirurgia há nove anos, relata que escolheu realizar a cirurgia por estar acima do peso e sua pressão subir muito. Alguns pacientes operados relatam queda de cabelo intensa e unhas quebradiças. Em seu caso, diz que sentiu apenas um pouco de queda de cabelo. Para ele a cirurgia também foi positiva. “A pressão e a diabetes regularizaram”, conta.

O papel da psicologia no tratamento

A baixa autoestima e as inúmeras tentativas frustrantes de perda de peso fazem o paciente buscar a ajuda psicológica. “A psicologia visa identificar quais estímulos, fora a fome, levam o paciente a comer indevidamente. São abordadas uma série de variáveis que não são objeto da medicina e da nutrição”, diz a nutricionista.

Estímulos estes que podem ser a ansiedade, a depressão, o estresse ou problemas afetivos. Analisando como está sua imagem corporal e sua autoestima. “Ele tem um ganho secundário permanecendo gordo? Quer e não quer emagrecer ao mesmo tempo? Sabe o que fazer, mas não consegue fazer aquilo que sabe que deveria? Auto sabota-se? Tem algum transtorno alimentar, como compulsão, transtorno do comer noturno, bulimia?”, são questionamentos que para a nutricionista a psicóloga é capaz de identificar e ajudar no tratamento do paciente.

A obesidade pode afetar emocionalmente a personalidade do obeso que já é muito sensível à frustração. “O que faz com que recorra à comida como forma de compensação de suas carências ou como defesa contra a depressão”, explica a psicóloga Edna Castro Drago.

A obesidade pode influenciar na aprendizagem das crianças. “Podem ser vítimas de bullyng, causando ansiedade, angústia e até depressão. O que pode distanciá-las dos demais e sentindo-se rejeitadas, recusar ir à escola”, ressalta a psicóloga. Para ela a psicologia é importante no tratamento da obesidade por propiciar, ensinar e desenvolver, através de técnicas cognitivas comportamentais, habilidades e competências no paciente que lhes permitem não apenas aliviar seus sofrimentos, mas retomar uma vida saudável.

Prevenção e tratamento

A prevenção da obesidade está diretamente relacionada à educação alimentar. “Deveria ser iniciada na base de educação da criança, através da introdução da pirâmide alimentar. Processo educativo, com incentivo a atividade física e alimentação saudável”, sugere a nutricionista Isabela Rizatto.

A nutricionista explica que a avaliação nutricional é realizada através de Informações obtidas por um inquérito alimentar. Dentre essas informações está o conhecimento de hábitos associados como tabagismo, consumo de álcool, uso de medicamentos, horários de alimentação, antropometria com bioimpedância e circunferências, e cálculos para posterior prescrição de ingestão calórica e cálculo de peso ideal.

O plano alimentar deve ser sempre individualizado e prescrito com base nos hábitos do paciente, melhorando a qualidade do consumo alimentar e introduzindo aos poucos os alimentos novos. Para Isabela Rizatto o papel do nutricionista na obesidade é orientar e direcionar durante a prevenção e no tratamento.

Matéria publicada no Suplemento Alimentação – Universidade do Sagrado Coração.
Suplemento Alimentação entre os 5 finalistas do Expocom 2017 – Exposição de Pesquisa Experimental em Comunicação, região Sudeste.
Designed by BootstrapMade