Noite underground

O estilo alternativo do Exílio ArtPub na cena bauruense

Por Caroline Ayala Silvestre, Denise Cardoso e Giovana Alves

Um dos locais considerado underground na cidade de Bauru é o Exílio, criado em novembro de 2012, pelos amigos Guilherme Kemp, Cleber Monteiro e Fagner Té. O local é caracterizado por ser escuro com algumas luzes coloridas, já na entrada é possível ver o palco e atravessando um pequeno corredor encontra-se o ambiente externo, que assim como o corredor é decorado com desenhos artísticos.

O objetivo inicial foi ser um espaço para todas as artes, com um foco mais intenso na música, mas sempre abrindo espaço para a criação autoral da cidade e tentando abranger o oeste-paulista. Consequentemente virou um bar/pub e naturalmente virou uma casa de shows, trazendo diversas bandas da cena independente, tanto autoral quanto covers e também apresentações de teatro, exposições, flash days (tattoo) e tantas outras atrações multiculturais.

Um dos proprietários conta os critérios utilizados na escolha das atrações da casa. “Nosso critério parte basicamente de qualidade, honestidade e peculiaridade, sempre prezando trazer atrações/bandas que tenham identidade e pedem um espaço democrático e eclético para expor sua arte”, relata Guilherme Kemp. Ele também destaca a ajuda do público nessa escolha de uma forma direta ou indireta, seja pedindo ou dando dicas de bandas, ou simplesmente comparecendo mais no evento de determinada banda.

Entre as atividades oferecidas estão além de bandas autorais da cena independente e bandas covers, bandas de Jazz, Reggae, Folk, Blues, Samba Rock, Black Music, Hip-Hop e outros tantos estilos. Também já houve Sarau de Poesia, Teatro, Flash Day (Tatto), Live Paint (Graffite) e Exposição de Artes Plásticas. “Houve noites em que todas estas artes cabiam dentro da mesma”, cita Guilherme Kemp. Parcerias já foram realizadas com o Extinção Discos, o Armazén, o Instituto Cultural, o Maquinaria (Teatro), a Casa do Hip Hop de Bauru e o extinto Fora do Eixo.

A casa possui grande importância no fortalecimento e divulgação da cultura local e regional. ”Sinto que representamos o cerne da essência independente/underground/contracultura atual de Bauru, e nos sentimos extremamente honrados e responsáveis de corpo e alma por isso. Atualmente não se vê nenhum espaço abrigando bandas autorais, ou que estão começando, ou qualquer empecilho imposto pelo que está em voga, na moda, ou faça parte de um sistema de conjuntura comum, niilista e ditatorial, constante na cultura pop atual. Gostamos de ser da vanguarda subversiva, onde enxergamos o que os outros não vêem”, expõe Guilherme Kemp.

O que é a cultura underground?

Underground (subterrâneo, em inglês) é uma expressão usada para se referir aos locais em que a cultura foge totalmente dos padrões comerciais e o que está fora da mídia. Também é conhecido como Cultura Underground, para se referir a produção cultural com estas características. A Cultura Underground pode estar relacionada a qualquer forma de expressão artística da cultura urbana contemporânea.

Frequentadores

Os finais de semanas são bem agitados em Bauru, o Exílio não costuma ficar de fora da programação dos jovens bauruenses. “Gosto do exílio por causa da galera fiel que frequenta o lugar e também me identifico com diferentes tipos de música”, declarou o professor de História Vinicius Gálico. Ele também lembrou da importância do Exílio, para o cenário underground de Bauru, já que o espaço dá a chance para as bandas menos conhecidas tocarem nos eventos.

Estimular a cultura da cidade ajuda as pessoas a terem mais opções de entretenimento e a conhecerem outros lugares, a cidade sem limites‟ é populosa e precisa atender a necessidade de vários tipos de pessoas. “Bauru é uma cidade que concentra uma população grande de estudantes por conta das várias universidades que a cidade tem. Isso resulta em um público alternativo, que necessita de uma cultura variada. O Exílio estimula a produção cultural da cidade e da região, trazendo artistas de fora”, disse Ueslei Libanare estudante de psicologia.

Estar na companhia dos amigos é muito bom, principalmente na época universitária, dar um “role” sem gastar muito, é algo raro, mas não é impossível, para quem conhece o Exílio. “Os preços do Exílio são bons e o lugar é ótimo pra‟ quem não gosta de baladas”, comenta a auxiliar administrativo Angélica Grandini. Apesar das melhoras nos ambientes internos e externo, o Exílio sempre manteve um preço acessível para que todos os seus frequentadores pudessem se divertir.

“As pessoas se sentem à vontade dentro e ao redor do Exílio, algumas gostam de ficar na calçada conversando. Conheci o lugar por acaso, entrei e acabei curtindo, a decoração é original e chama a atenção”, contou a estudante de fisioterapia Bruna Camargo que frequenta o Exílio uma vez por mês.

Matéria publicada na Revista Campus – Universidade do Sagrado Coração.
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